1. |
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Veio, no meio da tarde clara
do alto da montanha um barulho ensurdeceu
do seio do céu, um grande dragão de lama
olhando da janela Mariana entendeu que era o fim
A muralha cedeu
corram para os montes, corram, salvem suas vidas
deixem tudo para trás, não haverá despedidas
vi sucumbirem casas, carros
e a bandeira verde-amarela do erro revela
o enterro que o país inteiro vela
De cima do morro entendeu a dimensão da distopia
se deixasse de olhar para frente simplesmente pararia
e lá de cima constatou, tudo o que conquistou acabou assim
olhando da montanha Mariana entendeu que era o fim
A muralha cedeu
corram para os montes, corram, salvem suas vidas
deixem tudo para trás, não haverá despedidas
Vale dos homens perversos
ergue a bandeira do orgulho que a culpa condiz
revela o valor que uma vida tem nesse país
Água laranja que enterra
o cheiro de ferro arranja o cortejo
e a lava que desce da serra
desliza jantando o mundo que eu vejo
berros e buzinas gritos fatais
velhos e meninos, sinas iguais
vida que então conhecemos acaba mais cedo
e o grito de medo ressoa o fim
A muralha cedeu
corram para os montes, corram salvem suas vidas
deixem tudo para trás, não haverá despedidas
Vale dos homens perversos
ergue a bandeira do orgulho que a culpa condiz
revela o valor que uma vida tem nesse país
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2. |
Sonhando
03:56
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Ei, eu não tô triste não
tô só um pouco pensativo
é, não tô lesado não
se me destraio na real tô concentrado em outra coisa qualquer
não acho que o mundo é cinzento
cê tinha que ver o que passa aqui dentro
e quando cê me pega nesses momentos
não ache que é brisa ruim, fica tranquila que tá tudo bem
eu vou estar sonhando
eu vivo sonhando
Eu, conheço esse lugar
eu vi a tempestade do começo se formar
não, não é melancolia
você também tem os seus dias de olhar pra dentro
vivemos em constante renascimento
não acho que o mundo é cinzento
cê tinha que ver o que passa aqui dentro
e quando cê me pega nesses momentos
não ache que é brisa ruim, fica tranquila que tá tudo bem
eu vou estar sonhando
eu moro no sonho
não acho que o mundo é cinzento
cê tinha que ver o que passa aqui dentro
e se você me enxerga nesses momentos
entende que eu sou assim, fico tranquilo, tá tudo bem
eu vou estar sonhando
eu vivo sonhando
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3. |
Amar de Chumbo
04:57
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eu sempre passo reto
bicho cego e burro que sou
sou torto por dentro
meu afeto é sulfúrico ou acaba sendo
e nesse intento eu te afeto e me arrependo em silêncio
não, não tenho jeito
te faço sentir o pesar
sim, o pesar
porque você rebate igual
nosso combate não-corporal
se trava no chão
Te atiro sem jeito no peito
Me atiça faísca, um corpo em chamas
Te tiro o conforto e o sossego
Me acerta de olhos fechados
Não que esse amor de chumbo seja ruim
esmaga meu peito mas resiste ao efeito do tempo
enquanto a gente se desgasta
Meu jeito cáustico de amar
esse seu ácido
sempre deixo derramar
bicho exagerado que sou
sou torto por dentro
meu afeto é sulfúrico ou acaba sendo
e nesse intento eu te afeto e me arrependo em silêncio
não, não tenho jeito
te faço sentir o pesar
sim, o pesar
porque você rebate igual
nosso combate não-corporal
se trava no chão
Te atiro sem jeito no peito
Me atiça faísca, um corpo em chamas
Te tiro o conforto e o sossego
Me acerta de olhos fechados
Não que esse amor de chumbo seja ruim
esmaga meu peito mas resiste ao efeito do tempo
enquanto a gente se desgasta
Meu jeito cáustico de amar libera
esse seu ácido
Quero ver, sentir me derreter
o meu caldo e a sua seiva venenosa
e nossa saliva virando um só fluído cor de rosa
tortuosa, quero me acabar nessa mistura perigosa
Quero ver, sentir te derreter
o teu caldo e a minha seiva venenosa
e nossa saliva virando um só fluído cor de rosa
tortuosa, quero me acabar
Esse meu jeito cáustico de amar
libera
seu jeito ácido
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4. |
Trancado
05:39
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Me deixa entrar
me deixa entrar
eu não sei abrir ou quebrar sua fechadura
me basta uma abertura antes da noite terminar
meu corpo é de vapor da luz
trouxe as imagens no silêncio da rua
toda a erupção numa caixa preta com seu nome
eu trouxe a soma de tudo o que some de manhã
ei, não consegue me ouvir chamar?
eu só consigo chegar a essa hora
você já deitado, cruzado pro outro lado
na estranha estrada de olhos fechados
do que é feita essa parede que não se vê
de escuro como a noite, como a noite come meu couro
cercada de todas as proteções
me prende aqui fora, prenhe dos seus dragões
Me deixa entrar
me deixa entrar
trouxe as imagens no silêncio da rua
eu sou a soma de tudo o que some de manhã
Me deixa entrar
me deixa entrar
eu não sei abrir ou quebrar sua fechadura
me basta uma abertura antes da noite terminar
precisamos suturar essas feridas abertas
mas pra isso é preciso chegar mais perto
já é quase dia, mas ainda é tempo
e eu vou até o fim do escuro por você
Me deixa entrar
me deixa entrar
trouxe as imagens no silêncio da rua
eu sou a soma de tudo o que some de manhã
Me deixa entrar
me deixa entrar
eu não sei abrir ou quebrar sua fechadura
me basta uma abertura antes da noite terminar
lá vem o sol
e com a luz e o calor eu me desfaço
eu sou o sonho
e toda noite eu me refaço
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5. |
Céu de Pedra
02:56
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Eu te enterrei no meu jardim
jardim de carne e nome coração
acimentei pra que não brotasse
te fiz um céu de pedra pra não sentir teu perfume, eu te plantei
nessa floresta
um bosque de pele e sangue, coração
pavimentei pra que não respirasse
se espalha em outros ares
teus perfumes em todos os lugares
e você vive confinada dentro de mim
Eu escolhi te enterrar aqui
tocar a vida e não aguar essa flor
por isso pisei pra que não brotasse
endureci o chão pra nunca te sentir, eu te plantei
nessa pequena floresta
um bosque de pele e sangue, coração
pavimentei pra que não respirasse
pra não sentir quando
se espalha em outros ares
teus espinhos em todos os lugares
e eu vivo confinado dentro da tua ideia
e esse é o risco que escolhi correr
essa flor que nunca vai viver nem morrer
me perfura de dentro pra fora
a semente que nunca vai virar flor
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6. |
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Meu trabalho é te livrar daqui
te afastar hoje, agora ou logo mais
desse chão duro, desse lugar que
mesmo iluminado permanece escuro
Conheço o seu cansaço
e só te peço pra que confie no que faço
esquece de tudo e inverte seu corpo
apaga os olhos e se deixa levar
esquece de tudo e inverte seu corpo apaga os olhos e se deixa levar (2x)
Aqui nesse quarto escuro
a mente resseca e suja que nem carvão
ressaca não mata mas doi a cabeça
ainda é terça e não tem mesmo solução
não acho conforto nem resposta
mas a mesa posta de congelados
é a mesma aposta nos seriados
fugindo em loop passando até nos feriados
mas tudo passa e eu te peço: confia mais
fui enviado de um lugar distante
onde os seres tem poderes sobrenaturais
vou apagar os males e mazelas de antes
e eu já sei, nem que seja por um só instante
você vai querer que dure, vai querer ficar um pouco mais
Meu trabalho é te tirar daqui
minha tarefa é sumir com esse lugar
te arrancar desse escuro, te tirar pra dançar
inseguro custei aprender
que o corpo é a anarquia encarnada
no final não sobra nada
então deixa eu te conduzir nessa
dança de doido (4x)
esquece de tudo e inverte seu corpo apaga os olhos e se deixa levar
Meu trabalho é te livrar daqui
te afastar hoje, agora ou logo mais
desse chão duro, desse lugar que
mesmo iluminado permanece escuro
Conheço o seu cansaço
e só te peço pra que confie no que faço
esquece de tudo e inverte seu corpo
apaga os olhos e se deixa levar
Meu trabalho é te livrar daqui
minha tarefa é sumir com esse lugar
te arrancar desse escuro, te tirar pra dançar
inseguro custei aprender
que o corpo é a anarquia encarnada
no final não sobra nada
se deixa levar
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7. |
Fala Prescindível
01:45
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8. |
Fogo
05:28
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Sujo de dívidas até o pescoço, eu percebi bem cedo
Eu percebi daqui do fundo do poço
Que o mundo tem mais aventureiros do que aventuras
E o tesouro escondido persiste sempre prometido
Solferina é a cor do sangue
Que brota na curva da minha boca
Sempre um tumor no céu
no teto da minha boca
No céu um ponto que ressoa turvo
e eu me curvo diante de uma língua tão solta
A boca imunda é o meu terreno
De boca fechada fecundo o sereno
vapores de pensamento
Nesse audiolivro pequeno
Palavras sabor gengiva
A sensação de que nada faz sentido
Me assalta e não me intimida
na real isso só me motiva
Entre um algarismo e outro
Há um precipício
nos resta criar pontes
e do fim ao início
eliminar sombras
entender as coisas
ser fontes de luz
Ahhh, eu tô falando com o fogo
Essas palavras têm poder
Falo por mim
Mas represento um contigente
por mais que eu duvide do meu eco
carrego comigo toda essa gente
eu fico pensando
eu posso falar o que eu penso?
ou é a vez de jogar o lenço?
e assistir outra luta
brigas importantes
antes eu as representasse
mas eu sou quem eu sou
esse é o meu impasse
Por mim combato meu próprio tipo
Patético se no fim sou só meu arquétipo
só sei que isso eu não quero representar
só sei que isso eu não quero representar
antes eu to fodido
Sou o cara que vai trabalhar triste
endividado, quebrado ou algo parecido
o cara que se afasta voluntariamente
e se sente culpado constantemente
convive com fantasmas em sua ilha
o cara que corre
sem querer saber o que sente
O cara que deixa de correr
Porque tem medo de tentar
Porque tem medo de morrer
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